A vida vai te matar.



 Então o mundo se faz para apagar minha luz. Tirar de mim as pretensões, me lançar no escuro calabouço em que todos as outras chamas apagadas estão. Sem uma palavra, uma alegria. A tão plácida morte de espírito.
Talvez a continuidade estável disso seja a loucura da coisa. Que se faz esquecer alguma força que tem para lutar contra isso, tentar se libertar, acaba sendo uma opção esquecida. Por algum motivo, há certa conformidade obscura, que não deixa com que as lágrimas brotem. Ou talvez pela secura dos olhos que fitam a agonia, a tanto tempo, sem uma pausa, sem um piscar. Quem sabe ainda não hajam lágrimas para um pesar.
  Enquanto devaneios assolam a mente, vê-se a alma derretendo, apressada em acabar, a chegar ao ponto onde só uma grande luz impossível pode fazer com que retorne a vida. Por mais que não estejam mortos, por mais que aí estejam, e corados. Não estão lá. E é escabroso ver, e perceber a mesma aura negra, em si mesmo.
  Uma vida que pouco a pouco deixa de ser preenchida. Tudo se torna fútil, não há mais no que se agarrar, apenas se deixa ir. As coisas que por ventura restarem, como boa parte das que foram, caem em esquecimento, e toda culpa renuncia ao verdadeiro dono, o mundo. Então se torna o único meio, o que é mais perigoso, a culpa absorve mais um.
Quando uma luz se apaga, tudo o que estiver ao seu redor tende a se apagar para 

Um texto depressivo de: Lucy F. Melo


Em homenagem ao dia do ''Deixe a Lucy puta da vida.''

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