É só o que eu tenho a dizer.



  Eu podia já gostar de algumas daquelas músicas, de algumas daquelas bandas. Eu podia já gostar de carros clássicos. Eu podia já me interessar por ocultismo. Mas foi quando aconteceu. E de alguma maneira aqueles olhos mudaram a forma com que eu via todas aquelas coisas. E talvez seja essa diferença, que faça com que eu mesma possa sentir o que eu sinto, quando eu ouço aquelas músicas, quando eu vejo todas aquelas coisas, porque é quando eu o sinto, e de repente, isso virou uma necessidade.
  Eu posso ser bem sincera, e dizer que não é a coisa mais importante pra mim. Não havia espaço pra mais nada, eu não estava buscando por nada, todo esse ciclo de mim já estava fechado, completo. Sim, ele estava. Mas foi quando aconteceu. Ele apareceu sutil, e já estava lá, eu percebi, e apenas fui deixando. Agora, se ele for embora, um grande espaço vazio será deixado nesse ciclo. Era um pequeno ciclo, agora ele está maior, graças a ele, e se por algum motivo, esse pedaço tiver que ser retirado, todo ele será afetado de alguma maneira.
  Porque de alguma maneira, ele me moldou, talvez seja até um pouco assustador. Mas o que eu faria quando as pessoas que eu mais gosto estivessem precisando de mim? O que eu faria quando eu tivesse que dar algo de mim para conseguir salvar aquilo que pra mim é o mais importante? O que eu faria se roubassem meu mini  videogame? Se ele de repente não tivesse aparecido, eu ficaria naquele banco, sentada, muito triste. Obrigada por ter ido lá e me dito pra chutar o meio das pernas daquele filho de uma puta e pegado meu mini videogame de volta.
  Eu entendo. Que a imagem dele é vista por muitos, é admirada por muitos. Mas é só a sua imagem, eu também admiro muito ela. Graças a ela, graças a tudo o que está de alguma forma por trás dele, eu posso ter ele. Eu realmente gostaria que isso parecesse tão profundo quanto realmente é, e quanto verdadeiro. Adoraria poder tocar, sentir o cheiro, acredite, o gosto, que ele tem, mas não é necessário. Ele existe. Está vivo. Exatamente onde precisa estar.
  Mas se ele existisse como muitas das outras pessoas gostariam que ele estivesse... todo aquele mundo de dor também não teria que existir? A dor dele, também não teria que existir? E ele não estaria muito distante desse jeito? Do jeito que ele existe pra mim, está tão perto, que eu posso senti-lo.
  Depois de um longo tempo, ele pode não ser 24 horas do meu dia, ser 7 dias da minha semana... Mas quando eu estiver lá e não souber o que fazer, então todo aquele resto que estava fazendo ele partir da minha memória, deixará de existir. Eu então farei o que eu aprendi com ele. Então é como se fossem os primeiros dias. Mesmo que eu não fique mais empolgada.
   Eu conheço tudo o que há pra conhecer nele, mas isso não é importante. Ele não conhece nada em mim. Simplesmente porque ele pode não existir de verdade. O importante pode ser tudo isso, toda essa relação, que isso traga algo de bom pra mim. E trouxe. Antes, eu quero dizer, que não importa ele não existir, como eu, como os outros. Mas o que ele traz, os conceitos... isso sim é real. Muito mais real do que o que muitos reais trazem, do que muitos conceitos de pessoas reais. São muito melhores. Eles não podem ser feridos, ofendidos ou quebrados.
  Se depois disso tudo, eu ainda for uma idiota exagerada, não me custa dizer que ele é ...

Dean Winchester

  ... and you're a son of a bitch!

Vocês não sabem como foi difícil trocar ‘você’ por ‘ele’.

• Bem, eu já postei esse texto no Nyah! Fanfiction, aqui o link de lá , e sei que muita gente vai se identificar com o texto, então usem, seja lá quais forem seus ídolos, divulguem, mas seria legal se vocês colocassem um '@LucyBaggins' no final, ok? Obrigada.

A Caixa de Pandora

A Caixa de Pandora

Na mitologia grega, Pandora  foi a primeira mulher que existiu na Terra. Criada por Zeus para castigar os homens pela ousadia do titã Prometeu em roubar aos céus o segredo do fogo, ela surgiu para o mundo como resultado da participação de vários deuses em sua formação: o primeiro a colaborar nesse sentido foi Hefesto , que moldou sua forma a partir de argila; depois dele, Afrodite deu-lhe beleza; em seguida,  Apólo incutiu-lhe talento musical; Deméter ensinou-lhe a arte da colheita; Atena concedeu-lhe a habilidade manual; Hermes , dotou-a do dom da persuasão; Poseidon forneceu-lhe um colar de pérolas e a certeza de não se afogar, além de outros mais. Ao final, Zeus , após arrematar a obra dando-lhe uma série de características pessoais, enviou-a para a Terra, onde ela foi dada como presente a Epimeteu, irmão de Prometeu



 Sobre esse episódio, diz a lenda que antes dele acontecer o titã Prometeu e seu irmão, pertencentes a uma raça gigantesca que antecedeu o homem sobre a Terra, foram encarregados pelos deuses de fazer tanto a criatura humana como os animais, dando a cada um deles as necessárias condições de preservação no ambiente onde viveriam. Epimeteu encarregou-se imediatamente da tarefa atribuindo a cada bicho os dons e atributos de que ele precisaria para,mas quando chegou o momento de produzir o homem, que deveria ser superior aos demais seres que com ele compartilhariam a vida terrena, já não dispunha mais dos recursos de que precisava para fazer isso. Desorientado e sem saber como proceder, ele então recorreu ao irmão, que para socorrê-lo subiu ao céu com a ajuda de Atena e lá acendeu sua tocha no carro de Hélios, o deus-sol, trazendo o fogo para o homem e dando-lhe, assim, o recurso com que poderia subjugar as outras espécies vivas. 

Irritado com a atitude de Prometeu,Zeus lhe enviou a recém-acabada Pandora.Prometeu desconfiado do presente do deus maior,recusou-lhe imediatamente.Em seguida ela foi oferecida a Epitemeu, que apesar dos conselhos do irmão,aceitou-a e casou-se com ela.

Para alguns autores, a primeira mulher levava consigo uma caixa que continha todos os males do mundo, tais como doenças do corpo (cólicas, reumatismo, gota, etc.) e do espírito (inveja, despeito, vingança, etc.); para outros, no entanto, era Epimeteu que possuía uma caixa onde guardava certos sentimentos malignos que preferira não dar ao homem quando o estava preparando. Uma terceira versão sustenta que por ordem de Zeus, Prometeu foi preso e condenado a ficar acorrentado no alto de uma montanha, aonde, todos os dias, uma águia gigante vem comer-lhe as vísceras, que são regeneradas à noite, ficando fadado, portanto, a sentir dores por toda eternidade. Antes, porém, ele deixou com seu irmão uma caixa contendo todos os males que poderiam atormentar o homem, pedindo-lhe que a olhasse com cuidado e não deixasse ninguém se aproximar dela. Atendendo a essa recomendação, Epimeteu havia colocado duas gaiolas com gralhas no fundo da caverna onde morava, escondendo a caixa entre elas. Desse modo, caso alguém se aproximasse sem que ele o percebesse, as gralhas fariam um barulho insuportável, alertando-o sobre o intruso.. 

Mas, Pandora, seduzindo-o, conseguiu convencê-lo a tirar as gralhas da caverna alegando que não se sentia bem com as aves por perto porque tinha medo delas. Epimeteu atendeu à esposa, a mais tarde, após tê-la amado, caiu em sono profundo. Valendo-se da oportunidade Pandora foi até a caixa e a abriu, permitindo que males como mentira, doenças, inveja, velhice, guerra e morte e outros mais, de lá saíssem em turbilhão, de forma tão assustadora que ela entrou em pânico e fechou o estojo antes que o último deles conseguisse escapar: o que acaba com a esperança 


          Uma outra versão diz que a intenção de Zeus quando mandou Pandora para a Terra, era a de agradar aos homens, e que seu presente de casamento à moça foi uma caixa onde cada um dos deuses havia colocado um bem. Infelizmente, porém, Pandora abriu a caixa sem querer, e todos os bens escaparam e desapareceram, com exceção da esperança, jóia preciosa que fortifica o homem e lhe dá condição de enfrentar todos os males com que a vida o maltrata.




By:Lolly

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Mitologia Grega



Eles são mais do que imaginamos.

Em geral as lendas gregas não falam de todos os deuses,mas embora sejam menos citados,fazem parte da mitologia,e são tão interessantes quanto os outros.

Démeter


Era a deusa das colheitas, dispensadora dos cereais e dos frutos. Quando Hades, deus do inferno, levou sua filha Perséfone como sua esposa, negou seus poderes à terra, e esta parou de produzir alimentos; a solução de Zeus foi que Perséfone passaria um terço do ano no inferno, com seu marido, e o restante do tempo com sua mãe, no Olimpo. Dessa forma, Démeter abrandou sua ira e tornou a florescer nas colheitas.

Mnemósine

 - A memória personificada, filha de Urano (o Céu) e de Gaia (a Terra), é uma das seis Titanides. Durante nove noites seguidas Zeus a possuiu na Pieria e dessa união nasceram as nove Musas.

Nemesis


Tendo como missão punir os faltosos, Nêmesis vingava o rompimento dos juramentos, castigava os filhos que ofendiam aos pais, humilhava os orgulhosos, vingava o rompimento dos juramentos e consolava as amantes abandonadas.Ela despertava o temor do remorso e do castigo. Era na maioria das vezes parcial, o que comprometia o seu sentido de justiça.

Fobos

Era fruto da união entre os deuses gregos Ares e Afrodite. Irmão Gêmeo de Deimos, Simbolizava o temor e acompanhava Ares nos campos de batalha, injetando nos corações dos inimigos a covardia e o medo que fazia-os fugir.

Hebe
É a deusa da juventude, filha legítima de Zeus e Hera.[1] Por ter o privilégio da eterna juventude, representava a donzela consagrada aos trabalhos domésticos. Assim, cumpria no Olimpo diversas obrigações: preparava o banho de Ares, ajudava Hera a atrelar seu carro e servia néctar e ambrosia aos deuses

Orfeu
 Era poeta e músico, filho da musa Calíope e de Apolo ou Eagro, rei da Trácia[1]. Era o músico mais talentoso que já viveu. Quando tocava sua lira, os pássaros paravam de voar para escutar e os animais selvagens perdiam o medo. As árvores se curvavam para pegar os sons no vento. Ganhou a lira de Apolo. Alguns dizem que era seu pai.

Íris
 Era a personificação do arco-íris e mensageira dos deuses. Como o arco-íris para unir a Terra e o céu, Íris é a mensageira dos deuses para os seres humanos: é representada como uma virgem com asas de ouro, que se move com a leveza do vento de um lado para outro do mundo, nas profundezas dos oceanos e no mundo subterrâneo

Lolly.

Mitologia Nórdica/Germânica


Olá pequenos, espero que estejam gostando das matérias sobre mitologia, a passada, foi sobre a Grega, agora vem a Nórdica/Germânica, ou mesmo Viking (minha preferida), aquela que vem de uma era antes do cristianismo, e depois do paganismo.

 Brisingamen


  O artefato o qual se diz o mais bonito que já foi feito. Pertencente a Freya, Deusa que tinha as lágrimas transformadas em ouro, conhecida por ser a entidade do amor (Em todos os sentidos) e da riqueza, além de ser a líder das Valquírias. (É uma das personagens mais populares dessa mitologia.)
  O colar, podia ser usado como tal e também como cinto, tinha o poder de encantar homens ou qualquer outro ser que nele colocasse os olhos. Feito por quatro anões irmãos, Alfrigg, Berling, Dvalin e Grer, com os que Freya passou cada um uma noite, assim conseguindo-o.
  Toda história também trás a explicação mística dos nórdicos para o inverno e o verão: O inverno seria o período de quando Freya, se vê sem o colar (pois infeliz, ela trás escuridão, tornando o mundo gélido), pois teria feito um trato com Hulda, para que pudesse sair de Dreun (depois que Loki roubou seu precioso e Hearhden, o poderoso ferreiro dos deuses, o resgatou para ela.), já que Hulda teria pedido o colar para deixá-la passar (Freya se negou a dá-lo), o trato consistia em que durante 6 meses, o Brisingamen ficaria com Loki(Deus do fogo), e seis meses com Freya, momento em que ela estaria feliz e vibrante, correspondente ao verão.

Thor vestido de mulher.

Thor, filho de Odin, o grande Deus supremo de Asgard. Considerado o mais forte entre Deuses e Homens. Ostenta um martelo mágico, chamado Mjolnir, seu principal artefato mágico.  Descrito como um belíssimo guerreiro de longos cabelos e barba ruiva, detentor de apetite voraz, sede incontrolável, voz estrondosa e penetrantes olhos que chispavam como fagulhas.
  Uma dia, quando Thor estava dormindo depois de um gigantesco banquete, um visitante indesejado entrou e roubou seu martelo mágico. Quando acordou, Thor teve um acesso de fúria, se agoniando, tendo em mente que sem o Mjolnir ele não seria nada.
  A pedido do Deus, Loki foi em busca do culpado, e descobriu ser o rei Thrym, que reconheceu ter roubado, mas que apenas devolveria caso Freya, (irmã de Thor) se casasse com ele. Freya não aceitou, e ficou furiosa. Foi então que Heimdall (Vigia e guardião da ponte que levava até Asgard) deu a idéia de que Thor se disfarçasse de mulher,e  ir no lugar de Freya, este só concordou porque Loki foi junto, como padrinho do casamento e representante de Asgard.
  No decorrer do encontro no reino de Thrym, por várias vezes o rei desconfiou da Deusa, como uma mulher poderia comer tanto e ter dentes tão afiados, além dos olhos ardentes como os que tinha. Loki, com toda sua esperteza, disfarçava os imprevisto a cara de pau, respondendo que a mesma passara dias sem comer, se tão ansiosa com o casamento, e que seus olhos refletiam o fogo da paixão em seu interior.
  Quando o cerimonial ia se iniciar, o rei Thrym mandou que trouxessem o martelo para que o casamento se realizasse, foi então que Thor, vendo seu querido martelo, se desfez do disfarce e empunhou Mjolnir, derrotando sozinho todos naquele reino.

Odin, os corvos e os lobos.

É muito comum vermos retratados junto ao Deus, dois corvos, e dois lobos. Os caninos, são Geri e Freki, símbolos da gulodice, que o acompanham em suas caçadas e lutas, alimentando-se dos cadáveres dos guerreiros. Uma amostra da ‘gula’ de Odin, em matar seus oponentes.Os corvos em seus ombros, Munin e Hugin, a sussurrar-lhe o que viram e ouviram por todos os cantos.
  Costuma-se dizer dos que tem como toten, o corvo, que são mensageiros abençoados de Thor. Que é o caso da que os fala.








Dica: Para aqueles que curtiram esse pedacinho dos Vikings, vejam o site http://www.tavernasadica.com.br/   um bom humor com a brutalidade nórdica de sempre. Eu adoro, espero que também gostem.


 

A vida vai te matar.



 Então o mundo se faz para apagar minha luz. Tirar de mim as pretensões, me lançar no escuro calabouço em que todos as outras chamas apagadas estão. Sem uma palavra, uma alegria. A tão plácida morte de espírito.
Talvez a continuidade estável disso seja a loucura da coisa. Que se faz esquecer alguma força que tem para lutar contra isso, tentar se libertar, acaba sendo uma opção esquecida. Por algum motivo, há certa conformidade obscura, que não deixa com que as lágrimas brotem. Ou talvez pela secura dos olhos que fitam a agonia, a tanto tempo, sem uma pausa, sem um piscar. Quem sabe ainda não hajam lágrimas para um pesar.
  Enquanto devaneios assolam a mente, vê-se a alma derretendo, apressada em acabar, a chegar ao ponto onde só uma grande luz impossível pode fazer com que retorne a vida. Por mais que não estejam mortos, por mais que aí estejam, e corados. Não estão lá. E é escabroso ver, e perceber a mesma aura negra, em si mesmo.
  Uma vida que pouco a pouco deixa de ser preenchida. Tudo se torna fútil, não há mais no que se agarrar, apenas se deixa ir. As coisas que por ventura restarem, como boa parte das que foram, caem em esquecimento, e toda culpa renuncia ao verdadeiro dono, o mundo. Então se torna o único meio, o que é mais perigoso, a culpa absorve mais um.
Quando uma luz se apaga, tudo o que estiver ao seu redor tende a se apagar para 

Um texto depressivo de: Lucy F. Melo


Em homenagem ao dia do ''Deixe a Lucy puta da vida.''

Meu dedos não caíram.



  No momento eu reescrevo uma antiga história minha, chama Adega, e vocês não vão querer ler. A menos que não se importem com homosexualidade e incesto entre gêmeos.
  Também porque comecei outro blog, que não vou divulgar aqui. E também porque eu vou começar outra história depois de Adega. Estou completamente e permanentemente viciada em Senhor dos Anéis.
 Vamos fazer o seguinte, quando terminar, digito tudo, faço um espaço web um pra cada uma, e posto aqui. Até mais. (Não demoro tanto assim não.)
Prometo preparar um post.
http://www.youtube.com/watch?v=FX6bRLJcaCc

Nada com o blog, mas eu tinha que colocar.
Quem é fã do Jensen sabe.
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Sempre, pra sempre

É uma pena
Que eu não vá viver para sempre
Para ouvir tantas musicas de amor
Que ainda estão por vir
Que eu não possa cantá-las pra você
Eu não poderei
Beijar você pra sempre
Então me beije agora o máximo que puder
Seja feliz comigo, vamos olhar o céu
E sorrir um para o outro
Seus braços estarão a minha volta
Até o ultimo dos dias, prometa
E quando tudo acabar
Apenas sorria pra mim
Pode ser um caminho sem volta
Por isso será perfeito, andar nele contigo
E tudo e todos nunca mais irão nos ver
Eu não vou poder beijar você pra sempre
Então me beije
Me beije agora
Me beije o máximo que puder

Asas

Estava apenas sentado ali, desde que se lembrava. Observando a cidade com olhos sonolentos. Quieto e encolhido no alto daquele prédio. Havia um mar de outras construções como aquela, mais altos, mais baixos, de todos os tipos por ali. Tudo muito movimentado. O que o fazia se sentir ainda mais angustiado, mergulhado naquela calmaria.

Balançava as pernas pra frente e pra trás, sentado na ponta do que poderia ser um abismo. Pela cabeça lhe passava tudo. Oh! Como desejava não pensar em absolutamente nada... Não pensar, mas ainda sim desejava existir. De alguma forma incompreensível.

Muito tempo desde que abrira os olhos, e via, do mesmo modo em que se encontrava no momento, tudo o que continuava a espreitar. Tantas eram aquelas coisas, não entendia absolutamente nenhuma, mas as admirava secretamente. Sabia que o que não podia ver, era a única coisa que tinha.

Também haviam ali duas asas brancas, em suas costas. Elas deveriam ser usadas, mas não havia um propósito, um objetivo, e então foi como se estivessem atrofiadas, tanto quanto ele mesmo.

Cigana

Da luz da fogueira abrolhavam sombras,confundindo a todos com suas formas insanas e aduncas, a chama parecia ficar ainda mais intensa com a musica que soava ali animada, fervendo o sangue dos ciganos sorridentes e ébrios.

Os mesmos que caiam abestalhados nas curvas perigosas do corpo acobreado daquela ninfeta, que rodava a saia e jogava seus cachos negros, como uma saudação aos trapaceiros que ali estavam.

Era uma roda, festejando a vida, comemorando a morte, de mais um inimigo, os trapaceiros, aqueles nascidos sob a escuridão de uma noite de lua nova, que não acharam a luz ao nascer, agora procuram o luar nos bolsos dos nobres e nos cofres do comercio, em meio as moedas de ouro.

A vez

Me arranje sua mão
Deixe-me tocá-la
Deixe-me decifrá-la
Porque o céu me disse
As runas gritaram
Eu mal pude entendê-los
Mas se houver algo mais
Não será de meu espanto
Me faça adormecer
Não me deixe ver
Sequer teus olhos
Assim, talvez um dia
Eu possa saber
O que é você

Eufonia piegas

Os cabelos negros lhe caem sobre os olhos com uma nuvem negra, o corpo quente, ao suor de uma noite eufórica, no ardo frenesi do ouvir, do tocar, a guitarra batendo a cintura, sob os habilidosos dedos de um louco, que a muitos faz aos olhos abrolhar lágrimas frouxas sem escárnio ou desdém.

Faz soar a guitarra, que lampeja as luzes coloridas de um palco, onde milhares, milhares de semelhantes o vêem, admirados e perplexos diante da bela grandeza daquela melodia, que aos ouvidos de tais os fazem chegar ao ápice de suas emoções, locupletados de prazer.

Ao bater das cabeças, aos gritos de êxtase, e o extremo psicodélico que assombra os olhares fervorosos, fitando os ídolos de toda uma massa, a labareda dos corações acesos, pulsante, como todo os corpo.

A guitarra, oh diva subalterna que acompanha a voz grave e rasgada de um outro individuo louco, loucura, que se espalha pelo local, onde as pernas já moribundas por uma pausa, batem o chão levianamente com tal força desnecessária e repetitiva.

O publico que parecem evolver suas mentes sob as mãos simbólicas e excêntricas do vocalista,

Psicopatia






Nada mais do que puro instinto animal, o desejo a flor da pele, de sentir o cheiro de sangue, e do calor dele escorrendo por seus dedos.
O assassino, que cava o peito da vitima morta, busca no defunto a vida que o falta, é a vontade de se sentir mais
vivo, roubando a vida dos outros.
A carne em putrefação, os nervos descobertos, o cérebro derramado aos pés, os dentes trincados de ódio, fúria alucinógena, o frenesi de arrancar, machucar, destruir.
Torna-se um verdadeiro vicio, um tique nervoso, matar, o ultimo doce suspiro, ver os olhos perdendo o brilho, a boca
secando, a pele empalidece
ndo, pouco a pouco, a face perdendo a vida, a alma se retirando sutilmente do corpo destroçado.
E tudo como uma orquestra regida pela faca, pela arma, primeiro os olhos, depositados numa caixinha de vidro, depois a língua que ficaria ali mesmo sobre a mesa, derramando sangue pela superfície dela, os dedos num pote de manteiga, e o sangue sendo drenado para um tanque já cheio dele.
As lágrimas chegam aos olhos do psicopata, maníaco, que agora só tem a chorar, sem deixar os pingos salgado atingirem suas mãos sujas do liquido da vida, chorar se emoção, diante de uma cena como aquela, cheia daquela podre beleza que só ele em seu intimo saberia apreciar.
Lucy F. Melo

Ultimo grito

E todos taparam minha boca sem responder, e se explicar, apenas me calaram, mesmo que eu ainda pudesse gritar, nada nunca seria ouvido, eu ainda podia ser tocada, eu ainda podia ser vista, seria apenas isso para sempre.
Sufocante, revoltante, não era uma questão de estar certa ou errada, era uma questão de compreensão, mas ali estava eu, aprisionada, perto do fim, quando eu explodiria, isso iria mesmo acontecer?Ou eu ficaria calada sem precisar de amarras?Eu me calaria diante de tudo, se ninguém está aqui para me ouvir?Não, a tanto tempo fui assim, aqueles tempos escuros, onde havia tanto para falar, havia quem ouvir, mas nada era dito.
Me amarraram a futilidade, algo que mais odeio, mas nunca mais me retiraria dela, eu teria que manter meu papel, de boa garota, eu teria que manter meu papel de sombra, e eu teria que me forçar a sorrir, se não as amarras me machucariam mais.
Ninguém quer ouvir, porque é sempre besteira, é sempre besteira quando as palavras podem ser verdade, quando elas podem ferir, e só eles podem decidir, porque são os donos da verdade, e porque tanto me importo?Porque eles, eles são os únicos que importam para mim, mas não se importam mais, porque agora são os donos da verdade.
Me deixe gritar, me deixe dizer o quanto eu tenho raiva, não finja, não finja ser uma boa garota, não tente fazer com que esta criança, seja, uma criança, eles me calaram, mas eles taparam os ouvidos, e eles fecharam os olhos, mas apenas agora, eu sempre fui a mesma, vocês criaram o monstro que está em suas cabeças, este monstro no qual vocês colocaram o meu rosto.
Não deixe-se enganar, eu sou o grande monstro, mas não apenas isso, olhem para trás e digam como era antes, digam quem foi que deixou este monstro escapar, se não quisessem, não teriam se aproximado, eu não iludi ninguém.
Me desculpem, mas eu sei, que se me acabar, haverá lamentações, por mais breves que sejam, porque isso saiu se suas bocas, nunca da minha, então parem, parem com isso, parem, e vão enxergar, vocês vão conseguir ouvir.


Lucy F. Melo


Os corvos


Eu fiz como quis, eu sentia algo bom me envolver naquele momento, eram arvores grandes, já não tinham mais nenhuma folha, parecia outono, as folhagens estavam aos seus pés, de cores lindas, laranja, vinho, amarelo, agradava meus olhos, o vento soprava fazendo nelas pequeno redemoinho e depois se dispersar passando pelas flores do gramado.
Era um corredor de arvores, e no fim deste, havia uma fonte de pedra, esculpida divinamente, com visível esmero, a água dela brotava vivida, e caia na mesma continuando o ciclo, era cristalina e refletia o sol, o barulho da água refrescava o ambiente.
Eu apenas andava sem calçados, meu cabelo caia sobre o rosto e esvoaçava-se constantemente com a brisa rápida que sempre passava ali, ouve um barulho rápido e uma sombra, logo me pus a olhar e verificar o que era, nada mais que uma fumaça escura se espalhando no leito das folhas.
Sentava-me na beirada da fonte, balançando a mão dentro da água fria, olhando-a com um encantador sorriso nos lábios, tudo fluía muito bem, e espontaneamente, no alto de uma arvore, uma imagem negra e turva apareceu, podia se ver dois corvos se formando ali, da fumaça ao seu redor, e os corvos corvejaram mais uma vez.
Eu observava-os com atenção, com a mão balançando sob a água, eu sorri para eles e com um simples balançar da cabeça os convidei para vir a sentarem-se ao meu lado, a fumaça se esvaiu e reapareceu sobre a fonte, rodeando-a pelo alto, e grasnava e grasnava aqueles corvos sem se aquietarem.
Então me levantei e iniciei uma bela dança, os corvos pareciam me seguir como acompanhantes ao ato, e vi minha pele empalidecer, meu cabelo escurecer, e tudo a volta se tornar negro, só se via o brilho dos olhos dos corvos que crocitavam sem parar como uma canção, meus lábios trepidavam, meus olhos se fechavam lentamente, e eu abria os braços girando e girando.
Sempre sorrindo, e os corvos sempre a cantar, a fonte não estava mais ali, as folhas também não, e eu girei tanto que cai no chão e uma incrível fumaça negra levantou-se do chão invisível de breu, e eu gargalhava como um pequeno bebê os corvos se calaram e sumiram, então abri meus olhos e algo estranho, ainda mais, houve, como se todo o mundo adentrasse meu corpo num sopro dentro de minha boca.
Cai, mas as folhas das arvores que haviam caído naquele outono amorteceram meu peso, e me pus a nelas sentar, a minha volta, a fonte continuava a jorrar sua água cristalina e gelada, a brisa passava de instante em instante bagunçando meu cabelo, não mais era negro, minha pele não mais era pálida, estava tudo como antes, e um ultimo grasno tiniu sem sinal algum de fumaça ou corvo.

Lucy F. Melo


Mais uma vez...


Um dia quando você passar, as rosas iram se abrir com tanta felicidade que todos poderão ver o brilho que sairá delas, será a mais bela das estações, seja lá qual for, tudo parecerá mais belo, ao gosto de cada um, tudo por você, pra você.
E quando você passar por mim, eu não conseguirei sorrir, porque minha boca já estará na sua, minha mão não poderá acenar, pois já tocará teu peito, em busca frenética por seu coração pulsante, vivo, cheio.
Vivo tão vivo, que talvez até a morte possa me deixar em paz, talvez ela me largue por instantes, ou talvez não faça diferença, eu poderei sentir a vida, mesmo que por um instante, mesmo que de mãos dadas com o óbito.
Um dia quando você passar, eu vou estar aqui mais uma vez, ninguém reparará nas minhas cicatrizes, e o passado se apagaria na pequena chama de uma vela, quem sabe, se não houvesse um antes, o depois poderia parecer tão, tão trivial.
É bom que seja, pois para mim tudo é passado, e uma hora ou outra, também irei me apagar.
Mais uma vez.
Pietro

O trem


Ali que tudo começou. Aquela estação cheia de gente, todos apressados, correndo para um lado e para o outro, carregando suas malas em busca de seus vagões. Rita se lembrava com perfeição daquele dia, mais exatamente, do momento, e dos que o sucederam.

Ouvira apito do trem que acabava de sair, mas aquele não era o que ela tinha intuito em embarcar. E este, depois de horas de espera, não apareceu, não sabia ao certo se tivera deixado passar sem perceber, ou se estava na estação errada, o caso é que estava irada. Aquele era o trem que a levaria para a casa da tia, que ficava na capital, onde ela sempre quis morar. Seria obrigada a esperar ainda mais pelo que cobiçava, o trem só viria novamente no outro dia.

Apenas esperava, para que pudesse descontar toda aquela raiva em algum individuo qualquer que chegasse a perturbá-la, e foi o que aconteceu. Era um rapaz, tinha mais ou menos a sua idade e lhe perguntava que horas eram, antes que ela pudesse responder do pior modo que conseguia, tomou por fitar aquelas lindas perolas negras que pertenciam ao sujeito.

Só olhos, negros e pequenos, diziam tanto e eu entendia tão pouco. Muito, para me atrever a desejar, mas ele seria excessivo deste jeito tão tacanho.
Por trás destes, ousava insinuar, talvez houvesse uma melancolia singela, anormal, não de menino, não de homem, um pesar só dele, que não decifrava. Se mais algum dia pudesse olhar bem para aquelas orbes de breu novamente, eu veria algo finito num mar negro interminável.


Rita voltou a casa, o que fora uma surpresa para os pais, que desgostosos da viagem da filha, se acharam felicíssimos por ver que ela enfim não se fora, e ainda que não mais desejava ir. Pois sim, tão breve fora o encontro, e quão já haverá mudado em sua vida!O veria novamente outro dia. E outro, e outro.

Assim foi, até ela se ver enamorado do tal Pablo, que a foi pedir em namoro para o pai tão formalmente, corajoso que era, pois o velho era rijo, mesmo com isso, se fizeram casalzinho, daqueles de namoro em praça e passeio em circo, tudo muito bonito e saudável.

Mas Rita fora tirada bruscamente por suas lembranças, pelo apito do trem, ainda não era o seu.Verificou o bilhete que tinha em mãos, lá havia o numero 254, olhou para cima, numa das colunas da estação, o mesmo se repetia em tinta vermelha sobre os tijolos de lá. Rita respirou fundo.

Lá iria ela, com aquela dor no peito sufocante, o nó na garganta que a estrangulava silenciosamente, seus olhos beiravam as lágrimas, mas suas pálpebras piscavam insistentes aprisionando as pobres gotas, de orgulho que tinha Rita. Houve movimento, ela se levantou do banco e se posicionou para o embarque, estava pronta, sairia daquele lugar o quanto antes, iria morar com a tia, desta vez ela iria.

O apito do seu trem custou a soar, custou e custou, a agonia tomou de conta dela. Viu todos se afastando da zona onde estava, e não suportou as lágrimas, o trem faltou, foi isso, faltou, não virá! Olhou para trás, e lá vinha, com o belo par de olhos, as suas formosas perolas negras, agora sob um cenho franzido.
Como corria o pobre rapaz!Que mal pode chegar perto dela e logo a levou em seus braços, apertou-a, como se nunca mais ela de lá pudesse, um dia, chegar a sair. Assim ficaram por alguns instantes até que Rita percebeu o que estava acontecendo, ainda extasiada, começou a debater-se naquele arrocho, Pablo afrouxou e ela se desvencilhou dele, bastou para que o tomasse a boca em um beijo ardente.


Rita sacudiu a cabeça e passou as mãos pelo rosto, olhou para o final da linha, e lá vinha o trem, apitando freneticamente, se aproximava. Como ela desejara que Pablo tivesse mesmo vindo! Que aquele trem não chegasse na estação! Que pudesse voltar para o meio daqueles braços! Aquele trem...
Lucy F. Melo

Lapis Lazuli


Por debaixo daquele terno preto meu corpo suava, o calor da tarde de verão parecia judiar ainda mais de mim e de minha família. Meus olhos já não enxergavam mais o caixão descendo a terra, as lágrimas abrolhavam sem controle, o nó na garganta pulsava sufocante, a única coisa que podia me tranqüilizar, eram aquelas duas mãos, segurando em cada uma das minhas.
Do lado direito meu pai, de olhos fechados e a boca gritando a angústia, do lado esquerdo, meu irmão gêmeo que mantinha a face plácida, mas que eu sabia, esconder uma dor talvez maior que a minha.
No caixão, a bela e jovem senhora de cabelos ruivos e perfeitamente cacheados, que agora tinha seus misericordiosos olhos fechados, as maçãs do rosto murchas, a pele branca como neve, morta, ela estava.
Eu nunca mais ouviria estórias antes de dormir, nem cantigas durante o banho. Eu não mais veria suas orbes azuis, opacas e acinzentadas.
Em seu dedo reluzia ao sol forte, a pedra cor do céu, minhas pernas bambeavam, mas me vi a correr em sua direção, abrindo a tampa de vidro e lhe puxando a jóia do dedo, eu o apertava com força enquanto ia em direção a saída do cemitério rapidamente.
Tombei para frente numa queda, já na estrada de terra, e senti mãos em meu ombro me puxando para cima, não tive tempo de olhar o sujeito, o sangue quente escorria de meu olho direito depois do golpe, vindo do punho, de quem descobri ser meu irmão.
Logo meu braço formigava, pouco a pouco ficando dormente, apenas vi ele tirar o anel de minha mão aberta, emiti então um grito forte, não um grito de garoto de oito anos que eu era, mas um grito de homem ferido.
Ele me chutava, eu ainda no chão, sua face d’antes calma, agora se tornara rubra e escorriam lágrimas pelas suas bochechas, trincava os dentes. Me levantei finalmente mas antes que eu pudesse socá-lo, minha vista escureceu, não ouvia mais nada, minha boca secou, o peito doía e eu senti o chão sob o corpo, depois vários passos vindos do cemitério vibravam a terra e nada mais.
- Nicolas? Acorde! –a voz de meu pai martelava, sentava-me na cama, fitando-o com os olhos semicerrados.
Ele me olhava preocupado: -Foi um ataque do coração, você não pode se exaltar... já disse, não deveria ter deixado ir no enterro de sua mãe, és muito novo, tu e teu irmão... –continuou aflito.
Lembrei-me dele, meu gêmeo me virei e o vi sentado num banquinho de carvalho, chorando assustado. As marcas vermelhas em seu corpo e o cabelo desgrenhado, mostravam a provável surra que meu pai haverá lhe dado enquanto eu permanecia desacordado.
-Félix. –chamei-o, ele correu e me abraçou com toda a força, escondendo seu rosto em meu ombro, sussurrando desculpas e por fim senti ele por o anel em meu dedo, o metal gélido parecia despertar meu coração, que pulsava de modo intenso.
Lucy F. Melo

Borboletas


A mão já estava cheia de calor de tanto segurar o cabo daquela rede. Deveras eu a empunhava firme, como se me fosse a arrancar. Não iriam, porque não havia ninguém mais ali. Apenas eu, no meio de um imenso campo de trigo, eu acho que era trigo. No horizonte o amarelo da plantação se unia numa perfeita linha ao céu, que era tão claro que me doía os olhos.
Corria de um lado para o outro atrás daquelas borboletas ariscas. A esta altura já devia ter apanhado algumas, ainda tinha poucas. Não estava satisfeito nem de longe, porque as que eu desejava com toda a minha ambição de infante guloso, eram aquelas enormes e multicoloridas borboletas. As que estavam no pode, batendo as asas sem parar, em meio a tantas outras iguais num minúsculo espaço, eram todas opacas e pequeninas.
Não importava o quando eu corresse, pulasse e armasse planos e arapucas, eu não conseguia pegá-las. Me via indignado com tal situação. Como criaturas tão pequenas e frágeis conseguiam me passar para trás daquele jeito? Quando dava mais fôlego, envolvia alguma naquela redinha, eram daquelas miúdas e sem graça, que só serviam para me cansar mais ainda.
O sol estava a pico, eu sentia a boca seca, mas eu me obrigava a permanecer ali, observando e buscando meu objetivo exaustivamente. Não importava o quanto suado e dolorido estivesse. Ir até em casa, mesmo que para tomar um gole d’água e depois voltar, não era uma opção. Tinhas em mente que elas fugiriam, quando voltasse estariam tão distantes que eu nunca mais as veria.
Mas as pernas falharam e eu caí deitado, ofegando tão forte que o pulmão chegava a doer. O coração eu conseguia escutar batendo, ia desacelerando pouco a pouco. Me deixei ficar ali, espichado num montinho de trigo amassado. Eu só via o céu, sem nuvens vez pó outra alguma daquelas borboletas perfeitas me sobrevoando, era um alivio vê-las ainda ali. Pensamento que foi acompanhado por um profundo suspiro.
Quando me pus de pé o céu estava nublado, e fortes ventos gélidos esvoaçavam-me. O pote com as borboletas não estava mais ali, então eu poderia ter soltado fogo pelas ventas aquela hora. Corri para todo canto procurando o pode de vidro com as borboletas. Não achei nem pode nem borboleta alguma, solta ou presa.
Tinha sido um vacilo imperdoável da minha parte, eu sabia que elas fugiriam, mas não que levariam as colegas prisioneiras consigo. Não havia mais o que ser feito. Talvez voltando outro dia, poderia ter mais sorte para pegar aquelas borboletas grandes e bonitas.
Respirei fundo novamente, dando uma ultima vista para o campo, agora escura, estava quase chovendo. Foi então que vi vindo lá do começo dos trigos uma meninazinha que devia ser da minha idade, e ela estava com o meu pode na mão! Ladrazinha! Pensei afoito, meti a correr atrás dela. E como corria, eu já estava ficando sem fôlego e ela corria a toda forma, desisti. Parei e me inclinei apoiando as mãos nos joelhos. Ela então parou e virou-se para mim.
Logo pude ver seu rosto, era linda, mas de algum jeito eu já sabia disso, permanecia ali, olhando-a, como que preso. Ela ria como nunca mais fosse parar, um riso estranho e esgoelado que me fez rir junto.
Quando paramos, ao mesmo tempo, ela me olhou ainda sorrindo e me estendeu o pote de vidro, eu tentei pegá-lo mas ela voltou a puxá-lo, rindo ainda mais e eu já ficava afobado.
-Pegou muitas! –disse ela observando as borboletas pelo vidro.
-Peguei mesmo, mas essas aí não são as que eu quero pegar...
-Não? E quais são as que quer?
-Aquelas grandes, cheias de cores extravagantes, não consegui pegar nenhuma.
-Como não? Essas aqui são enormes e coloridas!
Me pus a olhar novamente as borboletas no pote, elas pareciam idênticas, pequenas e sem enfeite.
-Está louca! –vociferei confuso.
-Tu que está! Olhe só... –e abriu a tampa do vidro, as borboletas saíram uma por uma lentamente, e iam surgindo magníficas borboletas de todos os tipos, como uma bela pintura antiga.
-Não sei se entendi... –cocei a nuca, as borboletas me rodeavam.
-Entendeu sim! Veja quantas! São lindas!
-É, elas são, mas agora não tenho nenhuma!
-Tem sim... –ela segurou minha mão delicadamente, meus olhos brilharam ao olhar novamente aquela face, a mais bela de todas, se iluminando tão perto de mim.
Toquei aquela borboleta e sorri.
Lucy F. Melo

Bip


Acordei com o barulho da chuva e a luminosidade do sol, lembrei-me ainda na cama de quando era pequeno, minha mãe costumava dizer que em dias assim, com sol e chuva, era o casamento da raposa, eu sempre quis ir, e quando dizia isso, ela ria, bagunçava meu cabelo e dizia que a festa acontecia no céu, e que só os animais eram convidados.

Aquilo nunca fizera sentido algum pra mim. Mas nesses dias não havia aula ou doença que me impedisse de sair na rua, que naqueles tempos era de terra batida, para tomar uma chuvarada. E só assim tomava, já que fui muito medroso e tinha medo de raios e trovões quando fechava o tempo.

Despertei das lembranças repentinamente, minhas memórias se tornavam infinitas naquela casa, onde passei infância e adolescência, até que fui estudar na capital. Nunca deixei de ir a ela até depois que meus pais morreram. Ao contrário para com minhas irmãs, os fantasmas que a memória despertava ali, não eram indesejados. Fazia-me bem, recordar de tudo.

Saí da cama em um pulo, me sentia bem disposto, entrara na banheira com uma certa pressa, a água quente já não estava tão quente assim. Logo eu me postava sentado no sofá da sala, tomando café com leite e pão com manteiga, enrolado em lençóis, ouvindo as velhas fitas do pai, no toca-fitas portátil que ganhei antes de sair de casa. Tudo aquilo construía um mar de sensações prazerosas.

Em um passar de faixa, houve um bip comprido, e vozes invadiram sem pena minha mente, eram vozes conhecidas, e a que se destacava, era a voz do único fantasma que não era bem-vindo em meu peito.

“Amigos pra sempre?” Amigos... Eu sempre respondia... ''Pra sempre.''.

O ultimo bip pareceu longo como uma vida, este mesmo barulho se tornou trilha sonoras dos flashes que passavam pela minha mente, formando um longo e dilacerador filme, de todas as risadas, te todos os abraços, brincadeiras, de todo o sentimento de nós dois, que pertencia unicamente a mim, e sua existência se limitava ao meu coração, que depois de uns tempos foi ficando cada vez menor.

No final do bip, que mal acabou e a fita foi arremessada na parede e completamente destroçada, eu me vi. Um marmanjo de mais de trinta, sem família, solteiro, a sós numa casa no meio do nada, remoendo dores cheias de poeira.

Soou alta a gargalhada histérica, afinal meu coração havia mesmo diminuído, e tanto, que de sentimentos só lembranças os trariam.


algum dia aí / faz tempo / numa época estranha

É como quando estou assistindo um filme e então penso ‘Droga, ele vai estar morto.’ E me assusto mais ainda ao saber que não está. Não sei como se encaixa bem essa comparação, nem porque desejei faze-la. Mas pode servir ao ponto em que quero chegar. Minha vida. Eu poderia dramatizar e dizer ‘tudo que me resta é esse acolhedor vazio’, há tempos eu realmente diria pensando em como tudo sairia como planejado, mas não mais.

Todas as minhas falsas esperiencias de vida me dizem ‘está desanimada? Assista um pouco daquela sua série preferida!’ e continue encarando as coisas como o seu herói. Não que eu esteja pra matar todos eles, não. Mas preciso de um pouco mais que isso agora.

Há muito tempo não escrevo, e faço por indicação de um dos meus heróis fictícios, eu adoro uma boa bobagem, pode soar redundante, mas é certamente o que tenho a dizer. Minhas palavras começam a faltar, e é sempre assim que começa o fim de uma obra inacabada. Mas desta vez não tenho realmente compromisso algum, nem sei em que enfiaria isto.

Inumeros problemas se embaralham em coreografia pela minha cabeça. Fica ajustado, mas hoje me perguntei se mereço, agora penso que não é sobre isso que se joga o jogo. A verdade é que posso estar a beira de um colapso, é dos problemas. Eu penso que se algo assim estiver pra acontecer, eu não vou imaginar isso, o que me traz a mente que logo, agora, não devo estar prestes a coisas assim, porque estou pensando nisso neste exato momento. Mas, a vida é traiçoeira e minha mente ainda mais, tanto que eu entendo isto aqui, eu diria ‘tanto que você não está entendendo’ mas você será meu pequeno segredinho e todo você, deste texto, será a mim.

Nesta hora eu paro de escrever, releio e deleto. Mas eu vou reler, ficar com preguiça de ajeitar os erros, e pensar ‘só eu vou ler isso, não importa’ então passar por cima deles, salvar o texto gravar no cartão de memória, apagar do computador e quem sabe lembrar dele tão futuramente, e postar.

Chega de frases prontas, apenas comece e faça e pronto e ponto final.