Asas

Estava apenas sentado ali, desde que se lembrava. Observando a cidade com olhos sonolentos. Quieto e encolhido no alto daquele prédio. Havia um mar de outras construções como aquela, mais altos, mais baixos, de todos os tipos por ali. Tudo muito movimentado. O que o fazia se sentir ainda mais angustiado, mergulhado naquela calmaria.

Balançava as pernas pra frente e pra trás, sentado na ponta do que poderia ser um abismo. Pela cabeça lhe passava tudo. Oh! Como desejava não pensar em absolutamente nada... Não pensar, mas ainda sim desejava existir. De alguma forma incompreensível.

Muito tempo desde que abrira os olhos, e via, do mesmo modo em que se encontrava no momento, tudo o que continuava a espreitar. Tantas eram aquelas coisas, não entendia absolutamente nenhuma, mas as admirava secretamente. Sabia que o que não podia ver, era a única coisa que tinha.

Também haviam ali duas asas brancas, em suas costas. Elas deveriam ser usadas, mas não havia um propósito, um objetivo, e então foi como se estivessem atrofiadas, tanto quanto ele mesmo.

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